sexta-feira, janeiro 27, 2006

J’adore les artistes

O Monsieur anda dizendo, mais uma vez, que essa história de trabalhar com artistas simplesmente não dá lucro, e eu tenho que acabar com isso. O plano dele (o homen adora planos) é me colocar num curso de Php, para que eu re-aprenda a trabalhar com linguagens de programação mais evoluídas, e com bancos de dados. Teoricamente, eu já devia saber fazer essas coisas. Estudei sciencia da computação, afinal. Mas minha memória seletivíssima apagou certas coisas do meu HD. Pois então, prefiro os artistas, que não necessitam estas coisas, e que precisam de uma atenção bem diferente.
Ontem fui ver o M. A mulher mais maravilhosa do planeta conhece o M, que mora em Barcelona a tempos, e insistiu muito para que eu ligasse pra ele. Não sou muito de ligar para desconhecidos na cara dura, e me aprensentar, e me convidar à virar amiguinha deles. Mas ela insistiu muito. E ela é a mulher mais maravilhosa do planeta, então eu faço tudo o que ela quiser. Liguei pro M, suando e tremendo. Fui tomar um café com ele. M é um amor de pessoa. Como ela, ele tem aquela aura de pessoa que faz o que gosta, que o faz extremamente bem, e que assume. Esta faltando grana, mas ele prefere fazer o que acredita, e, diz, deixar pra aproveitar as liquidações do ano que vem, ir levando até lá com a blusa velha do ano passado. Ele é como ela, passar umas horinhas na sua presença faz bem pra alma. A gente perde muito tempo, mas vai embora com aquele sorriso idiota na cara, que vem de não sabemos bem onde. Um sorriso de paixão platonica por uma pessoa do bem.
Na primeira vez que encontrei M, ele foi logo dizendo que não queria fazer um site. Insistiu que não quer, não gosta, não precisa. Concordei na hora. Expliquei que achava que montar uma coisa dessas dá bastante trabalho, e só vale a pena para pessoas que realmente precisam. E fora isso, ser sua amiga seria muito mais legal do que ser sua webmistress.
Essa semana me ligou. Disse que precisava de ajuda, será que eu poderia passar no studio dele, e mostrar pra ele como transformar imagens en jpg ou tiff, com tamanhos específicos, pra mandar pra sua galeria no Canadá.
- Opa, claro. Isso é facil.
Fui, feliz da vida, e passei umas 3 horas na sua compania. Ele repetiu logo de cara que não queria um site. Eu disse que claro, já tínhamos conversado sobre isso, e eu sabia que o objetivo não era nada disso. Transformamos as imagens, com muito amor, carinho e paciencia. Conversamos, e passamos bastante tempo olhando suas fotos (ma-ra-vi-lhosas). Babei, passi horas em cada imagem, perguntei, discuti, analisei. E não foi pra puxar o saco, estava realmente interessada. Queria que minha irmã viesse, será que ele mostraria tudo de novo pra ela quando ela estivesse em Barcelona? Etc. e tal...
Quando estava prontinha pra ir embora, quase colocando o casaco, ele:
- Olha, eu sei o que disse agora pouco, e no outro dia também, mas na verdade queria que você fizesse o meu site.
Com uma gargalhada interior, eu disse que sim, claro.
Porque os artistas são assim. E é por isso que adoro trabalhar com eles.




A notícia da hora na Espanha

Se você for assistir o noticiario na televisao Espanhola, vai se divertir. Mesmo escolhendo o canal de estado principal, em horário nobre, vai ver que a escolha do que é importante para o povo saber é meio duvidosa. As noticias internacionais são poucas, e o resto é local mesmo. Têm uma preferência gritante por assassinatos, explosões de gaz, enchentes e outros desastres. São capazes de repetir as mesmas imagens e histórias várias vezes durante o jornal, sempre dando voltas e recomeçando. Mas essa semana foi a melhor. A notícia quente não foram eleiçoes no Canada ou Portugal, não foram os ataques terroristas no Iraque, não foram as negociações da ONU, e sim um belo moço Espanhol, que era agente do serviço civil. Um dia esse jóvem simpático resolveu que queria se transformar em mulher. E o fez. E agora, dois anos depois, resolveu que queria seu antigo trabalho de volta. E foi lá, lutou, e conseguiu! Agora retomou seu antigo posto, feliz da vida, com uma bela cabeleira que muda de cor com bastante regularidade, e uns trajes bem diferentes do antigo guarda roupas. Está feliz da vida, deu muitas entrevistas, e disse que os antigos colegas o tratam da mesma maneira que antigamente!




quarta-feira, janeiro 18, 2006

Eu tinha feito uma promessa pra mim mesma, dizendo que à partir de agora faria um esforço pra escrever mais, e regularmente, nesse lugar. Só que peguei um vírus de estômago muito tosco, achei que ia sucumbir esses dias!

Estava nervosa porque recebi uma proposta para fazer um projeto legal, que tive que recusar, sendo que não tinha a sabedoria técnica pra isso. Mas essas coisas me deixam nervosa: quem sou eu pra poder recusar trabalho? Fiquei a noite toda com aquilo martelando na cabeça, e de madrugada vomitei. Achei que era meio normal, meu estado não deixou a digestão funcionar direito. Mas no dia seguinte, em vez de me sentir melhor, estava um caco. Não consegui comer nadica, e passei o dia pregada na cama. E assim foi por vários dias. E estando nessa terra desconhecida, nem sabia pra onde ir em casos de doença. Liguei pra dona do apartamento, uma artista fofa desorganizada, que me mandou até a clínica da esquina. Tinha certeza que me internariam. Estava pensando em que pijama levar quando me dei conta de que teria que explicar minha situação gravíssima à um médico em castelhano. Ai, ai, ai. Fraquinha que estava, fiz uma lista de palavras à procurar no dicionário, pra depois tentar decorar, tudo isso enquanto nem conseguia ficar em pé sozinha. Eis o resultado:

Médico = médico
Clínica = clínica
Marcar hora = pedir hora
Vomitar = vomitar
Nauseas = nauseas
Dormir = dormir

Hmmmmmmmmmmmm, até que os deuses estavam me ajudando na minha hora difícil...

Peguei coragem, me vesti (tomar um banho no leu estado era pedir demais), e fui até a esquina. Tive que ficar numa fila uns minutinhos, paguei 48 Euros, e entrei pra ver um médico-moço-simpático. Antes mesmo de terminar minha prosa ensaiada em antemão, ele (sem examinar ou sequer tocar em mim), foi tirando seu bloquinho.
- Isso é um vírus. Vou receitar esse remédio, e daqui a menos de 2 dias estará completamente sarada.

Eu quase caí da cadeira, tentei insistir que estava realmente morrendo e que seria um erro fatal me mandar de volta pra casa, mas ele calmamente me levou até a porta, e tudo terminou em dois minutos.

E aqui estou, de volta ao meu cyber café podre, em menos de 24 horas, pra contar a história. Agora sim, tenho total fé na excelente medicina espanhola!




quinta-feira, janeiro 12, 2006

Só de Sacanagem
Ana Carolina


Meu coração está aos pulos.
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Tudo isto que está aí no ar,
Malas, cuecas, que voam entupidas de dinheiro,
Do meu dinheiro, do nosso dinheiro,
Que reservamos duramente,
Pra educar os meninos mais pobres que nos,
Pra cuidar gratuiramente da saúde deles e de seus pais.
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade, e eu não posso mais.
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos dificeis existem pra aperfeiçoar o aprendiz.
Mas não é certo que as mentiras dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coraçao tá no escuro.
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó,
E os justos que os precederam.
Não roubaras!
Devolva o lapiz do coleguinha,
Esse apontador nao é seu, minha filha.
Pois bem, se mexeram comigo,
Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido,
Então agora vou sacanear.
Mais honesta ainda eu vou ficar,
Só de sacanagem.
Dirão: deixa de ser boba,
Desde Cabral que aqui todo mundo rouba.
E eu vou dizer: Não importa, será esse meu carnaval.
Vou confiar mais e outra vez,
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos.
Vamos pagar limpo a quem a gente deve,
E receber limpo do nosso fregues.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.
Dirão: é inutel, todo mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homen que veio de Portugal.
E eu direi: não admito, minha esperança é imortal.
E eu repito, ouviram? Imortal.
Sei que não dá pra mudar o começo, mas se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.




Durante meus muitos anos morando na Fraça, sempre me perguntava porque tinham resolvido colocar uma civilização importante (Europa) nesse lugar. Porque não colocavam esses países espalahdos por aí em lugares mais quentes e habitáveis? Com tanto espaço em lugares maravilhosos como Australia, Africa e até mesmo Brasil, porque expremer todos esses países nesse lugar inhabitável? Imagine colocar a Alemanha em algum deserto na Africa? Com toda a tecnologia e organização deles, você não acha que encontrariam soluções pra viver bem com a secura e area? Acredito que sim. Pelo menos melhor do que essa vidinha gelada que levam na atual posição geografica. Ainda por cima, acho que os alemães seriam um povo muito mais soltinho e relaxado morando num lugar assim. Eles até encontrariam um melhor equilíbrio entre o trabalho e a festa. E que delícia poder degustar todas aquelas cervejas geladinhas, prontas pra refrescar o calor do deserto... E as vodkas suecas congeladas? Não seria um boa num lugar quente e ensolarado? Imagine que lindos ficariam os ingleses cor-de-rosa podendo tomar um solzinho todos os dias, e pegar uma corzinha dourada? As londrinas, que insistem em sairem de casa de mini saia em temperaturas abaixo de zero, que normalmente ficam azuis de frio, com aquela linda cor tropical... E eles poderiam até trazer um pouco de organização e honestidade para o nosso querido país.

Eu, com minha eterna inocência e esperança, achava que essas questões não seriam mais minhas preocupações uma vez mudada pra Espanha, esse país tão bem localizado em terras mediterrânes. Errei, errei feio. O frio quando vem por aqui vem sem brincadeiras. Eu só quero um calorzinho pra poder sair na rua de bermuda e camiseta. Só isso. Será que é demais pra pedir?