quinta-feira, dezembro 28, 2006

Ando recebendo mensagens de pessoas que querem vir morar em Barcelona, perguntando como podem vir, como funciona, etc. Não me incomoda nem um pouco responder às perguntas, acho legal conhecer historias das vidas de outras pessoas, e suas vontades, ideias, etc.

Mas gostaria de explicar algumas coisinhas que muitas pessoas esquecem de levar em conta quando resolvem mudar pra outro pais:

Se você não tem nacionalidade europeia, ou do pais onde quer morar, pode ficar complicado. Para um brasileiro morar na Europa, por exemplo, precisa ter nacionalidade europeia, ou um visto de trabalho ou estudante. Conseguir visto de trabalho é bastante difícil, à não ser que uma firma te ofereça algo antes de você se mudar. A segunda opção é o visto de estudante. Para conseguir isto, precisa se inscrever (pagar) um curso em uma universidade, ou um curso de língua à período integral. Quem entre na Europa sem um desses vistos, só pode permanecer por três meses, com estatuto de turista. Isso significa que não podem trabalhar, ou se inscrever em algum curso. E significa que depois dos três meses, você estará completamente ilegal. Uma pessoa pega na Europa depois dos três meses de turismo autorisados, é deportada. E não terá mais o direito de entrar na comunidade europeia durante muitos anos. Posso garantir que isso não é legal, pois já aconteceu com pessoas da minha família.

Em caso de duvidas, entre em contato com o consulado do pais onde deseja morar.

Se você tiver como vir pra Europa, tem que levar em conta que conseguir um trabalho num pais onde não fala muito bem a língua não é nada fácil. E que qualquer pais na Europa custa muito, muito caro, comparando com o Brasil.

Mas do outro lado, digo com toda a sinceridade do mundo, morar fora é uma experiência maravilhosa! Mesmo se você deixar pra trás um emprego legal, e vier trabalhar num restaurante, ganhar mal, e morar num cubículo, vale a pena. Não tem nada mais incrível como experiência de vida, do que morar num pais diferente, aprender a ver o mundo com outros olhos, mudar os costumes, as roupas, os amigos, o ar que respira, os cheiros, o nome da tua rua.

Pesquise, pergunte, economise um monte de grana, e venha, que vale a pena!

Informações sobre cidadania Espanhola:
http://www.ape.es.gov.br/cid_espanhola.htm




quarta-feira, dezembro 27, 2006

Jesus deve estar la em cima olhando pra nós, se perguntando de onde a gente tirou a ideia absurda de que pra festejar seu aniversario a gente deve dar e comprar objetos inuteis, coisinhas e tralhas que não precisamos.




terça-feira, dezembro 26, 2006

A vida no hospital acabou, pelo menos por enquanto. A mama está recuperando-se bem, e nos restam só as imagens:



(Fotos minhas e da maninha)




sexta-feira, dezembro 15, 2006

As coisas parecem que são mais dramáticas no Brasil, mais pessoais. Não sei bem porque.

Aviões caem o tempo todo pelo mundo afora. Aparecem no noticiario, o povo fica chocado, mas logo esquece. Eles seguramente fazem pesquisas pra saber o que aconteceu, porque aquelas pessoas morreram, mas a gente nem fica sabendo.

Quando o voo da Gol caiu, no Brasil, todo mundo ficou pasmo. E as reportagens sobre as buscas, as razoes, os processos, continuam, e todos querem entender, encontrar os culpados, saber o que aconteceu. Parece algo mais pessoal. Parece que agora sim, isso pode acontecer comigo.

Quando fui ver minha avo, (que tem 92 anos, me confunde com minha mãe, e esquece o nome do filho dela), ela ficou preocupadissima.

- Mas Bruninha, você veio la da Espanha num avião?
- Vim, vovó... Só da pra vir de avião.
- Mas ele não caiu? Você não ficou com medo? Sabe, os aviões andam todos caindo. Não se deve mais andar de avião.
- Mas como é que eu ia vir te visitar, então?
- Ora, Bruninha, de navio. Claro! Os navios não caem.

Bom, até que ela tem razão...

Mas meus amigos também, diziam que agora, com todos esses problemas, iam repensar as férias. Afinal de contas, fora os problemas nos aeroportos, claro que era mais seguro andar de carro.

O numero de pessoas que morrem em acidentes de carro ou onibus é infinitamente maior do que os que morrem em acidentes de avião. Mas a gente nunca se pergunta nada antes de entrar num carro, antes de pegar o onibus. Mas avião, a gente morre de medo.

Tento imaginar uma vovó francesa, alemã, ou americana, dizendo à neta que devia pegar um navio, pra evitar acidentes. Mas não consigo imaginar nenhuma. As espanholas, sim, são mais parecidas às brasileiras, mas a maioria dos europeus nunca iam imaginar que algum acidente aéreo tivesse alguma ligação com eles, que aumentasse o perigo pessoal deles.

E nós, sim. Porque aquele voo da Gol parece que tocou o Brasil todo. Nos imaginamos direitinho como seria para aquelas famílias, como seria se nos mesmos estivéssemos dentro do avião na hora que percebemos que ele estava caindo...

Nos, Brasileiros, somos muito diferentes dos outros. A realidade pertence à nos. As experiências dos outros é quase a nossa. E sentimos a dor, o perigo, e a incompreensão das pessoas naquele acidente.