sexta-feira, dezembro 15, 2006

As coisas parecem que são mais dramáticas no Brasil, mais pessoais. Não sei bem porque.

Aviões caem o tempo todo pelo mundo afora. Aparecem no noticiario, o povo fica chocado, mas logo esquece. Eles seguramente fazem pesquisas pra saber o que aconteceu, porque aquelas pessoas morreram, mas a gente nem fica sabendo.

Quando o voo da Gol caiu, no Brasil, todo mundo ficou pasmo. E as reportagens sobre as buscas, as razoes, os processos, continuam, e todos querem entender, encontrar os culpados, saber o que aconteceu. Parece algo mais pessoal. Parece que agora sim, isso pode acontecer comigo.

Quando fui ver minha avo, (que tem 92 anos, me confunde com minha mãe, e esquece o nome do filho dela), ela ficou preocupadissima.

- Mas Bruninha, você veio la da Espanha num avião?
- Vim, vovó... Só da pra vir de avião.
- Mas ele não caiu? Você não ficou com medo? Sabe, os aviões andam todos caindo. Não se deve mais andar de avião.
- Mas como é que eu ia vir te visitar, então?
- Ora, Bruninha, de navio. Claro! Os navios não caem.

Bom, até que ela tem razão...

Mas meus amigos também, diziam que agora, com todos esses problemas, iam repensar as férias. Afinal de contas, fora os problemas nos aeroportos, claro que era mais seguro andar de carro.

O numero de pessoas que morrem em acidentes de carro ou onibus é infinitamente maior do que os que morrem em acidentes de avião. Mas a gente nunca se pergunta nada antes de entrar num carro, antes de pegar o onibus. Mas avião, a gente morre de medo.

Tento imaginar uma vovó francesa, alemã, ou americana, dizendo à neta que devia pegar um navio, pra evitar acidentes. Mas não consigo imaginar nenhuma. As espanholas, sim, são mais parecidas às brasileiras, mas a maioria dos europeus nunca iam imaginar que algum acidente aéreo tivesse alguma ligação com eles, que aumentasse o perigo pessoal deles.

E nós, sim. Porque aquele voo da Gol parece que tocou o Brasil todo. Nos imaginamos direitinho como seria para aquelas famílias, como seria se nos mesmos estivéssemos dentro do avião na hora que percebemos que ele estava caindo...

Nos, Brasileiros, somos muito diferentes dos outros. A realidade pertence à nos. As experiências dos outros é quase a nossa. E sentimos a dor, o perigo, e a incompreensão das pessoas naquele acidente.

1 Comments:

Blogger Cris said...

Falou e disse!

Eu semmmmpre tive medo de aviao. E agora, fazendo mestrado em polimeros, tenho mais medo ainda! =)

Esse semestre eu tive muuitas aulas sobre aplicacoes de polimeros (plasticos ou borrachas, como preferir) em avioes. Sabe que a maioria da structura de um avião é em polimeros???? Na cauda, no nariz, nas asas e etc. E sabe que muitas delas sao COLADAS? Claro que sao plasticos mega resistentes, mas sao plasticos! =)

Mamae jah melhorou???
Beijao

6:44 PM  

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