quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Footing

Inventar desculpas para não fazer exercícios físicos é uma arte mui refinada. Começamos pelo básico, que é não ter um grupo de capoeira numa cidade nova. Básico. Mas depois, quando se encontra um grupo por acaso, as desculpas têm de ser convincentes: parece pequeno demais, os horários não são praticos (uma ova), ou não tenho tempo (estar semi-desempregada, trabalhando de frila consome muito tempo)... Até então não podia correr (que não custa nada e pode ser feito à qualquer hora no parque ao lado de casa) porque não tinha uma calça adequada (!!!), e não sabia onde comprar. Essa durou algumas semanas, mais depois ficou meio esfarrapada demais. Aranjei uma calça. Então o tempo esfriou demais. Essa funciona. Mas agora o sol esta brilhando, e acredito que o friozinho só serviria pra aumentar a vontade de correr mais. Só que agora estou indo à um casamento na Inglaterra, e depois passar alguns dias na antiga terrinha francesa, então não adianta correr se não vai dar pra continuar durante uma boa semana. Mais vale esperar até a volta, pra poder fazê-lo com uma certa regularidade, certo?










sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Algumas semanas atrás, uma das minhas pessoas favoritas do mundo todo veio visitar. Fora termos andando muito, visitado muitos museus, e outras aventuritas mas, ele fez uma das (muitas) coisas que sabe fazer especialmente, excepcionalmente bem: cozinhar. Agora que sou dona-de-casa-tentando-aprender-à-cozinhar, botei a maior pilha no pobre moço pra fazer boas coisas, e ir me ensinando. Ele fez uns pratos maravilhosos (que vou ter que sabiamente fazer igual). Mas a coisa mais legal que ele fez foi insistir em comprar milhões de potinhos de condimentos e especiarias. Achei bobagem tantos potinhos, porque eu não via lá muita diferença entre eles, e também não tinha a mínima ideia de onde colocar tudo aquilo. Mas ele quis porque quis, e tivemos que entrar em varias lojinhas fedorentas procurando os tais potinhos. Depois de umas voltas cansativas pelo bairro, chegamos em casa com um estoque de condimentos. Olhando pra tudo aquilo atravancando o pouco espaço que tenho no armário da cozinha, tentei imaginar qual seria o fim dos pobrezitos. Mas não é que o povo que ficou insistindo em que eu abrisse os potes e cheirasse bem o conteúdo de cada enquanto cozinho tinha razão???? Aprendi a botar pozinhos e folhinas na comida. E não é que funciona!???!!!! Fiz vários pratos que ficaram com cara de gente que sabe cozinhar!
Isso tudo me deu coragem, e tentei até o intentável: salmão no forno. Fiquei pasma, porque funcionou!!! Ficou bom!!! Eu fiz salmão!!!
Agora que sou uma experiência cozinheira, vou tentar o mais exótico possível. Minha gente, vou cozinhar polvo! E se vocês não me acreditam, mostro até a foto:




Eu e o gaz...

Ficamos felizes da vida quando descobrimos que o preço do butijão de gás era relativamente melhor do que a eletricidade, e que ainda por cima, os aquecedores à gás são mais eficientes. Parecia que nossa era de ficar em casa com gorros e cachecois estava terminando. Pois compramos um aquecedor à gás, e fomos à procura dos butijões. A teoria é simples: quase todos os dias tem um moço que passa pelas ruas do nosso bairro, com um carrinho de gás. Ele tem um colher que vai batendo contra o gás, produzindo um barulho irritante, que todo mundo ouve. Quem precisa de gás assobia do balcão, o moço sobe com o butijão, a gente paga, e pronto.
A primeira vez que isso aconteceu, Monsieur estava comigo. A gente chamou do balcão, e sendo que estamos no sexto andar tivemos que gritar bastante. O moço subiu, pediu 14 Euros, e recebeu 1 Euro a mais pelo esforço da subida. Na próxima vez, sozinha, resolvi que não queria ficar gritando do balcão com meu sotaque de gringa, e desci encontrar o moço. Boba, não perguntei o preço, achando que seria a mesma coisa, ou provavelmente um pouco mais barato, sendo que aquela primeira vez o moço viu que éramos desentendidos. Quando o amigo chegou aqui em cima, me disse que o gás custava 17 Euros. Exprimi minha surpresa como pude com meu vocabulário limitado. Mas fazer o que? Estava com frio, e ele já tinha subido aquilo tudo.
Uma semana depois, com frio mais uma vez, encontrei esse mesmo tio na rua. Pedi mais um butijão. Ele subiu, e chegando no apartamento, pediu 18 dessa vez. Reclamei, perguntando se o preço subia de um Euro por semana. Ele disse que foi por causa da subida. Sei, sei. Aceitei o gás, mas depois fiquei me sentindo trouxa demais. Tomei uma decisão: da próxima vez seria muito mais dura, e negociaria o preço. Mas esse tal amigo careiro não apareceu mais pelo pedaço.
Espertinha agora, quando outro moço apareceu, desci, e pedi o preço antes de qualquer outra coisa. E disse que queria levar 2 dessa vez, pra diminuir um pouco essas experiências de caça ao gás. O cara, todo simpático, disse que custava 12.50 Euros. Melhor, muito melhor, pensei. Mas ele explicou que tinha acabado o gás, que iria buscar outros, e tocaria na minha porta 10 minutos depois. Esperei, esperei, e nada de gás.
No dia seguinte, ao ouvir o barulho irritante da colher batendo, resolvi que queria férias, e continuaria a briga outro dia. Pois hoje outro moço, que eu nunca tinha visto apareceu. Desci os 6 andares correndo. Ele pediu 13.50. Tudo bem, tudo bem. Eu levo. Tudo pelo calorzinho do gás. Mas ele também estava sem gás, passaria de volta.
E estou esperando até agora.
Me pergunto, será que eles fizeram um acordo entre eles, de torturar a gringa bobona da rua? Ou é pura coincidência: as forças do além querem que eu passe frio????